O MERCADO FOTOGRÁFICO EM 2019

Tendências, expectativas, desafios e projeções para uma ano que tem tudo para ser melhor que o anterior

Matéria retirada do FHOX

Como todo mundo já sabe: o ramo fotográfico não é uma bolha e viu a crise chegar impactando nas mais variadas frentes. De 2015 para cá, o ritmo de influência variou, se intensificou, reduziu e aumentou dependendo do mercado. Alguns cresceram, muitos caíram. Segmentos distintos como formaturas e fotocabines passam por transformações e hoje oferecem oportunidades.

Não dá para falar de um mercado de forma única. O que a FHOX ouviu e viu em 2018 indica que a complexidade para quem atua na fotografia é muito maior do que se poderia imaginar. Ou seja, não existe uma resposta única e pronta para cada mercado.

Para essa matéria, reunimos caminhos, visões e apresentamos panoramas e possibilidades. Tudo indica que 2019 é um ano de recuperação e de retomada real. Assim se espera. Mas talvez seja bom seguir com o mantra: “espere o melhor, mas se planeje para o pior”.

ECONOMIA EM 2019

Uma pesquisa publicada na revista Exame, em novembro passado (após as eleições), indicava o otimismo dos empresários para o ano que começa, com 75% do empresariado (e também dos executivos das empresas) animado ou muito animado com as perspectivas para 2019. Tanto que
grandes marcas (fora da fotografia) anunciaram contratações, investimentos e lançamentos
de produtos em todas as áreas.

Do varejo a fabricantes de automóveis. Tradicionalmente, os primeiros 100 dias de governo indicam como será, de fato, o ritmo das intenções do novo presidente. O número da pesquisa deixa claro uma mudança brusca no pessimismo. Um estudo semelhante, três meses antes das eleições,
indicava otimismo só entre 11% dos empresários.

Se vai conseguir aplicar as reformas, reduzir o desemprego e atrair investimentos
é outra história. Já a projeção do PIB (ipea) para 2019 é de 2,9%. Mas todo otimismo gera algo benéfico e imediato para a economia. E confiança atrai consumo e mais investimentos. Uma
matéria do fim de novembro, publicado no portal de notícias G1, trouxe uma ampla pesquisa sobre o cenário econômico em 2019. As projeções do PIB (produto interno bruto) mostram crescimento, mas com recuperação lenta para o ano que vem.

Uma boa notícia que deve impactar de forma positiva a fotografia, assim se espera. Com previsão de crescer entre 2% e 3%, o ritmo deve ser lento até o fim do mandato de Jair Bolsonaro (2022). A velocidade e intensidade do crescimento vai depender muito ainda da aprovação da reforma da Previdência.

O complicômetro envolve forte endividamento das famílias e das empresas. O colapso das contas públicas complicou ainda mais o quadro em vários estados. O relatório Focus do Banco Central corrobora a expectativa de retomada lenta e gradual.

Com expectativa dos analistas de crescimento do país em 2,5% de 2019 até 2022. Além da reforma da Previdência, o governo vai ter outros grandes desafios. Como a questão fiscal, tributária e de eficiência do País. “O Brasil tem muitos gargalos. É preciso resolvê-los para poder acelerar o
crescimento de uma maneira mais consistente”, diz Silvia Matos, pesquisadora do
Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

CASAMENTO, FAMÍLIA E NEWBORN

O que ficou claro em 2018 (e nos anos anteriores a ele) é que a ideia do fotógrafo especialista e muito nichado ficou cada vez mais difícil. O caminho encontrado por muitos tem sido ampliar a atuação com enfoque em família. Não de fotografar toda família junta, mas de aproveitar
que fotografou o casamento para estabelecer o começo de uma relação e se tornar o fotógrafo da família.


Fotos: Erstudiostok/iStock

CLICANDO GESTAÇÃO, PARTO, BATIZADO, ANIVERSÁRIOS E AFINS

Ao fotógrafo de casamento resta o desafio de abrir esse leque. O que o fotógrafo de casamento pode fazer para faturar mais em 2019? Pode criar serviços de impressão na festa com entrega de álbuns no evento ou até mesmo personalização extrema do álbum e ampliação do leque como fotógrafo da família. Já o fotógrafo de recém-nascidos precisou ampliar a atuação. Aliás, ficou
muito difícil diferenciar e separar fotógrafo newborn do de família.

Começando a fazer gestante, parto e avançando na fotografia de eventos infantis, fotógrafas que não faziam mais aniversários voltaram a fazer. O que vem com força em 2019? O fotógrafo da família e a super personalização. Onde dá para ganhar mais dinheiro? Personalizando produtos
e criando coleções. Atuando na recorrência. Com acompanhamento, etc.

O QUE PROMETE 2019: os fotógrafos de casamento, família e newborn atuando também com vídeos junto com as ofertas de fotos e produtos impressos. Seja para a divulgação, vídeos de bastidores e um ensaio completo que prevê álbum + vídeo.

FOTOCABINE

2018 foi mais uma vez o ano das cabines fotográficas. No fim, a fotocabine é uma extensão da fotografia de eventos. A impressão em festas e comemorações cresceu muito nos últimos anos, justamente porque os fotógrafos veem a necessidade de faturar mais. Passamos de 200 empresas
em 2013 para mais de duas mil empresas em 2018. O perfil, ao contrário do que se poderia imaginar, não é só de gente do mercado apostando nesse segmento. Mas também de muitos empreendedores que vieram de fora do mercado. Cresce a inovação com realidade aumentada e a fotocabine se tornou peça obrigatória em eventos corporativos e sociais.

O QUE PROMETE 2019: inovações que vão combinar ainda mais smartphones, redes sociais e impressão na hora. Mais importante ainda é a oportunidade de aproveitar esses equipamentos em outros negócios de fotografia. Como acontece lá fora. Caso de shoppings, parques de diversão, estádio e lojas de varejo.

TECNOLOGIA

A parte tecnológica indica alguns caminhos naturais para o mercado. Como drones atuando com força, não só em eventos. Basta notar que de 40 a 50% dos serviços com drones são voltados para
negócios de agrobusiness. Serviços de olho em imobiliárias e outros negócios corporativos estão em ascensão. Outra demanda é a junção foto e vídeo. Mas sem separar os dois.

Uma entrega única com cara multimídia para atender empresas e consumidores finais. O ano de 2018 foi de consolidação e avanços das câmeras mirrorless, das fotocabines e da impressão instantânea. O ano em que a inteligência artificial chegou com força na fotografia. Seja com
módulos nas câmeras profissionais e de smartphone e até no flash. Softwares e apps também avançam com aprendizado de máquina facilitando a vida de profissionais e consumidores.

O QUE PROMETE 2019: a combinação de realidade aumentada e a integração de blockchain nos equipamentos fotográficos. O avanço dos controles por comandos de voz e a inteligência artificial
em câmeras e softwares. E a inserção do sistema mirrorless em todas as faixas do mercado. Os equipamentos portáteis de impressão e as impressoras de bolso (junto com as câmeras instantâneas) estarão mais presentes no dia a dia.

LOJA DE FOTO

O ano que passou foi mais um de desafios e queda no consumo. Embora com indicação de consumo sendo retomada. As lojas de foto pelo País não atuam e nem sentem da mesma forma os efeitos da tecnologia e do ambiente macroeconômico. Do lado tecnológico, existe um visível retorno das fotos para impressão.

Com 80 a 90% das cópias sendo geradas a partir dos smartphones, o novo canal de consumo não é via app como se imaginava, mas sim o WhatsApp. O valor da foto impressa 10 por 15 subiu com o desconhecimento do preço antigo. Como houve queda na compra de fotos avulsas, o antigo
valor de centavos caiu em desuso. Agora, os lojistas cobram de um até três (às vezes mais) para gerar uma foto na hora.


Foto: Pollyana Ventura/iStock

Fotodocumento e fotopresentes seguem presentes na rotina da loja. O estúdio de retratos sofreu com a mudança de comportamento. O consumidor ficou satisfeito com cliques de smartphone e redes sociais. Mas aqueles negócios que souberam criar experiências conseguiram manter
consumo.

O QUE PROMETE 2019: experiência temática e diferenciada no estúdio infantil e para mulheres. Fotopresentes decorativos e exclusivos e decoração com fotos. O lançamento de um conceito inspirado no Wonder Photo Shop no Brasil (loja conceito da Fujifilm com dezenas de pontos em vários países) flertando com o segmento de gráficas rápidas, caso da BV Cópias de São Paulo e a chegada da franquia de foto ótica proposta pela Colorkit, chamada Veluzzi, também com loja
piloto já operando em São Paulo, anunciam outra tendência: talvez a fotografia apenas não baste na composição do mix.

A boa notícia é que depois de um deserto de opções, vários players tateiam caminhos. Importante frisar: comunicação visual segue forte também.

FORMATURAS

O mercado de foto de formatura teve um grande feito em 2018: a evolução fotográfica do estilo combinada com a melhoria na impressão. Mais fotógrafos de casamento e outras áreas migraram para esse mercado. De olho no crescimento que deve triplicar de tamanho em número de concluintes nos próximos três a cinco anos.

Isso representa mais álbuns de formatura e já vem acompanhado de mais personalização e propostas de valor que antes não víamos nessa categoria. Talvez seja fruto da mudança do comportamento do formando.

Ele não quer mais só álbuns, ele quer algo diferenciado na cobertura das diferentes etapas do ensino superior. Algo que envolve uma experiência com o formando e que a fotografia (e vídeo) devem fazer parte. O que mais se viu em 2018 foram fotógrafos criando sessões e tendo
ideias divertidas para atender os desejos dos formandos. O que é ótimo. Some a isso o surgimento da primeira associação para o setor de formaturas (ABEFORM) que contou com a ajuda da FHOX e temos um cenário saudável e promissor.

O QUE PROMETE 2019: cresce o EAD no ensino superior e isso apresenta mais uma oportunidade real para as empresas. Sem esquecer que a nova revolução de ensino deve dar um salto de qualidade e a mudança de comportamento vai atingir um mercado muito próximo. A foto escolar
muda e vai se alterar de forma drástica nos próximos anos. E as empresas que atuam nesse setor passarão pela mesma transformação que as empresas de foto de formatura passaram nos últimos cinco anos.

A FOTO NO PAPEL


Foto: Filadendron/iStock

A FHOX levantou a importante bandeira da importância de se imprimir com o Movimento Imprimir. Projeto pioneiro que tem um propósito claro: estimular e valorizar a impressão de fotos. Mas mais do que isso, motivar a criação de produtos com alto valor adicionado.

A iniciativa do Movimento Imprimir envolve um guia impresso, on-line e conteúdos vivos que se estendem durante o ano todo. Ao longo de 2018 a FHOX foi praticamente o único canal a publicar (de graça) conteúdos que mostram aplicações, serviços, produtos e conceitos de negócios
voltados para a impressão.

AS PESSOAS NÃO TÊM BUSCADO REFERÊNCIAS E SIM FEITO CÓPIAS

“Um mercado mais honesto e de maiores criações, porque infelizmente, pelo menos no meu segmento, todo mundo anda fazendo tudo igual (fotografia infantil). As pessoas não têm buscado referências e sim feito cópias”. Essa foi a resposta de Jhéé Rodrigues, fotógrafa infantil de Ribeirão
Preto (SP). Nosso questionamento, feito no Facebook, foi simples e ao mesmo tempo desafiador: o que esperar de 2019?

Uma das respostas também veio de Luciano Zandoná (da Impress) de Caxias do Sul. O empresário, que é um dos pioneiros em encadernação no Brasil, hoje conta com um negócio de altíssima qualidade voltado para a impressão em grandes formatos com enfoque em comunicação visual.
O comentário de Zandoná explana como exemplo Gilmar Silva (de Cascavel, no Ceará), que inclusive será palestrante no Congresso Fotografar 2019.

“Pensei bastante no que escrever no post dele sobre o que seria da fotografia em 2019. Agora, olhando para estas fotos maravilhosas, cada dia tenho mais certeza que a seleção natural passa por aí. Quem corre atrás e se especializa e estuda muito para obter resultados excelentes vai sobreviver e crescer” disse.

De fato, o que Silva vem fazendo é vender uma experiência. Com mais de 680 mil seguidores no Instagram e outros milhares no Facebook, o fotógrafo tem se destacado no Brasil e lá fora vendendo uma experiência física e on-line. Do lado presencial, ele mostra que pouco importa o local e que ele consegue criar fotos fantásticas em qualquer canto.

Do lado virtual, ele consegue atrair e vender justamente para clientes que querem passar por aquela experiência que ele mostra no Instagram. Provavelmente foi o fotógrafo brasileiro mais destacado em matérias internacionais, depois de Sebastião Salgado. Bem recebido, o post de Zandoná trouxe alguns comentários de fotógrafos. Talvez um deles, do fotógrafo Rodrigo Lermen de Caxias do
Sul, seja o que melhor resume a cena toda.

“Eu acredito que todos somos fotógrafos. O que vai diferenciar uns dos outros realmente é o resultado das imagens e a experiência que vamos oferecer aos nossos clientes. Eu percebo que no mundo em que vivemos hoje, todos têm acesso a tudo. Então precisamos entender que só o equipamento não faz uma boa foto, qualidade é o mínimo que alguém que se diz profissional deve oferecer. Por isso, as pessoas vão nos contratar. Pelos produtos que oferecemos e pelo diferencial dos nossos trabalhos”.

A INDÚSTRIA

“Para 2019 no Brasil, com certeza uma retomada interessante no cenário econômico.
Não só pela troca de governo, o ciclo econômico é outro (salvo alguma crise internacional) e o otimismo está de volta.

Já para a fotografia, acredito que teremos o início de uma influência da Inteligência Artificial”, diz Cristian Lima da Go image. A encadernadora ampliou seu espaço e investiu fortemente em expansão produtiva se preparando de forma evidente para a retomada. Aliás, a marca se posiciona
como uma empresa nacional Já o presidente da Sony, Kenichiro Hibi, disse na última edição da FHOX que espera uma retomada. Mas que esse momento de baixa é a hora certa para se preparar e crescer.

A percepção geral é de otimismo para projetos, aceleração do consumo e retomada de investimentos. Contudo, assim como o empresariado fora do ramo fotográfico, muitos vão esperar um pouco mais para ver como o novo governo e o mercado como um todo se comportam
no primeiro semestre de 2019.

Em um trecho de sua coluna nessa edição, Marco Perlman aponta: “Devemos reconhecer que o Brasil, mais uma vez, não ajudou nesse ano que está acabando. Dinheiro fácil não teve para ninguém. Tenho ouvido reclamações de demanda pouco aquecida, de desinteresse por serviços sofisticados, de concorrência predatória. Difícil discordar, mas esse “retrato” não é apenas da fotografia profissional brasileira.  Meu questionamento, neste momento, é sobre o protagonismo de cada um de nós. O que estamos fazendo para construir demanda? Estamos criando vínculos com nossos clientes para que nos chamem para novos serviços? Deixando nossos portfólios disponíveis em lugares frequentados pelo nosso público alvo, on e offline? Estimulando nossos ‘fãs’ (assim mesmo, com aspas) a falarem de nós?”.

Trata-se de uma constatação que faz todo sentido. Pois sair da inércia só vai ocorrer com movimentação geral de cada um dos integrantes do mercado fotográfico. Do fotógrafo ao dono de laboratório. Do dono de empresa de foto de formatura ao lojista.

Da indústria até nós da FHOX. Então retomamos a grande questão: o que você fará para 2019 ser um ano melhor? Tentar responder de forma honesta e comprometida será seu papel.

A FHOX quer ajudar. Para tanto, estamos preparando as novas metas para o mercado. Algo que criamos faz mais de uma década e que pede uma revisita: um objetivo claro para 2019 é a loja de foto, o estúdio, o lab pro e o fotógrafo ter metas mensais de faturamento para o ano que começa.
Anos atrás tínhamos metas definidas que foram deixadas de lado. Decidimos que um ano de retomada combina com métricas claras e o fotógrafo e os negócios de fotografia faturando mais.